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O Ritual de Passagem

O Pensador - Augusti Rodin
Às vésperas da data que celebra meu nascimento me senti interpelada a redigir um texto com a síntese de diálogos sobre o significado deste dia, principalmente, para aqueles que já passaram dos “trinta”, e compartilho aqui umas conclusões.
Com a proximidade das datas de aniversário as pessoas se inserem em um processo de reflexão sobre o seu lugar no mundo e sobre as identidades que assumem em diversas fases e situações cotidianas.
Há um invólucro e expectativas sobre algumas datas, que se configuram como mais significativas.
Durante a infância a significação de cada ano é demasiadamente maior para os pais do que para os aniversariantes, pois nesse período inicial da vida, o indivíduo está envolvido em intenso processo de formação identitária e de delineamento de sua cultura, e menos preocupado com uma única data.
Nos anos teen, a data dos quinze anos para as jovens assume o poder especial de passagem da infância para a juventude, fato que de acordo com a ciência ocorre alguns anos antes, e segundo elementos culturais de nossa sociedade, essa idade requer uma celebração e comemoração festiva para que a sociedade testemunhe e participe desse  ritual.
Em algumas sociedades tribais não é diferente, os rituais se diferenciam nas ações e idades, mas é inevitável a celebração da “passagem” que referenda o deslocamento do indivíduo de uma fase da vida para outra, e consequentemente, a aquisição de um novo lugar na sociedade em que vive.
Já para os meninos, acredito que essa fase teen é marcada pelo aniversário dos dezoito anos, com destaque nas regiões urbanas para a idade que marca o início da atividade sexual, que até alguns anos atrás ocorria próximo aos dezesseis anos, e essa marca emocional, física e social é determinante na vida de um jovem. Segundo conversas com colegas homens, percebi que essa temática merece um texto mais detalhado em outra oportunidade.
Após conversar com um homem, que em 2011 fez a passagem dos vinte para os trinta anos, foi relatado que a maior sensação desse dia foi a de ansiedade, especificamente do tipo "quem irá lembrar de mim?", e com essa data aumentou a expectativa sobre as conquistas, principalmente, profissionais e afetivas.
No dia em que completou trinta anos, se sobressaiu a incógnita "será que alguém consegue adivinhar o que eu gostaria de ganhar?" E a grande tristeza, por sua vez, foi testemunhar que pessoas muito queridas haviam esquecido do aniversário, ratificando a idéia que o marco de passagem, como prefiro chamar, esse dia que lembra o nascimento de cada um, é um dia especial em que todos querem estar ao lado dos que ama e compartilha a vida, envoltos em alegrias, surpresas e afetividade.
Segundo um recém “trintão”, essa fase propõe uma reflexão sobre a maturidade que chega a passos lentos, mas também constatações que envolvem tristeza ao descobrir que o corpo já não possui o mesmo vigor físico e resistência vivenciados em abundância ainda no período dos vinte anos.
Sobre as conquistas, há um processo de desenvolvimento que nos revelam a importância dos fatos e eventos vivenciados por muitos ao final dos vinte anos de vida, como concluir etapas de estudo, delineamento de uma profissão que pode estar sendo vivenciada com êxito, serenidade emocional junto a familiares, e amores conjugais, e esse ponto merece um destaque importante no quesito afetividade aos trinta anos.
A afetividade na maturidade, e posso me referir a este quesito desta forma, consolida a tendência emocional do indivíduo, com a predisposição a relacionamentos duradouros se as experiências lhe proporcionaram muitos momentos felizes associados a poucas decepções amorosas, e claro, influenciadas por nossa crença religiosa e idéias filosóficas que temos sobre a vida. Mas também podem ser recheadas por relacionamentos efêmeros, caso o indivíduo não tenha intenção de viver intensamente uma relação estável, acreditando que a paixão é um estágio satisfatório para a relação conjugal. Os do primeiro grupo entendem que a paixão é importante, mas se configura como a primeira etapa e é um elo na corrente da cumplicidade que pode ser vivenciada posteriormente em uma relação conjugal.
Nessa fase pós trinta anos, posso falar agora com propriedade enquanto mulher, as conquistam se mostram mais solidificadas, principalmente, se nos anos anteriores houve o trabalho pautado em um projeto de vida claro e determinante, ou seja, quanto mais cedo as jovens delimitam um projeto de vida que envolve família, namoro, amizade, profissão e estudo, mais claramente as ações políticas e sociais se lançam em busca de condições para a efetivação desse projeto de vida, conseqüentemente, ampliam as possibilidades de conquistas dos sonhos almejados desde a juventude.
No meu caso, pós trinta anos, identifico a realização de inúmeros sonhos traçados na juventude, e a caminho dos “quarenta”, tenho a serenidade de traçar novas metas pautadas na frase de Albert Einstein Algo só é impossível até que alguém duvide e resolva provar o contrário”, e o impossível é aquilo que não somos capazes de sonhar.
Que venham novos anos e com eles novas conquistas e projetos pautados na experiência adquirida e ratificando o valor de tudo que já foi conquistado e aprendido.

Texto produzido com a colaboração de um leitor do blog mediante entrevista e que se identifica como mais um que passou da fase dos TRINTA.

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