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A história local nos currículos escolares

A história de União dos Palmares revela uma riquíssima diversidade cultural e tem sido nos últimos anos, um tema que tem despertado a atenção de inúmeros educadores, inclusive a minha, pois realizei uma pesquisa sobre a história do Quilombo dos Palmares na política curricular local. Contudo, essa temática em nosso município ainda se apresenta envolvida em lacunas e equívocos devido, principalmente, a ausência de política pública de valorização da identidade dos sujeitos numa perspectiva democrática.
É notório que a cultura popular sempre esteve subalternizada nos currículos escolares, dessa forma, os conhecimentos, valores e práticas dos educandos oriundos das classes populares são, em geral, ignorados ou superficializado pela educação escolar, fato que comprovadamente vem agravando o distanciamento dos educandos com relação ao ambiente escolar, aumentando os índices de repetência ou evasão configurando nosso Estado também em 2010 como um dos piores nos índices educacionais do país.
As pesquisas revelam ainda que os índices de reprovação nas escolas públicas demonstram a estreita relação entre educação escolar e desigualdades raciais, onde para o aprofundamento dessas questões, faz-se necessário repensar o currículo escolar como um artefato cultural. Enquanto nossas práticas educacionais contemplarem a diversidade cultural que é inerente a formação dos povos, como um problema devido a tradicional prática homozeneizante, os educandos cujos costumes e vivências não estão em conformidade com a cultura padrão serão continuamente considerados como portadores de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Mas o que se deve aprender na escola? As práticas educacionais devem estar comprometidas com o desenvolvimento do sujeito ou da sociedade?
Vários são os teóricos e pesquisadores da educação que apresentam recomendações para que os professores contemplem a diversidade cultural (étnica, econômica, religiosa, gênero, social) dos educandos em suas práticas educacionais, preconizadas nos mais diversos documentos como, LDB 9394/96, Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais que destacam a necessidade da observância da história pessoal dos educandos para adoção de valores de respeito às diferenças.
Para a efetivação de uma política curricular comprometida com a valorização das diferentes identidades dos sujeitos, destaco a nossa formação como educador, pois Piaget já revelava a importância da preparação do professor que constitui a questão primordial de todas as reformas pedagógicas, e acrecenta que enquanto não for efetivada de forma satisfatória, será totalmente inútil organizar belos programas ou construir belas teorias.
Portanto, a inserção consciente, responsável e coerente da história local nos currículos escolares valorizando os diferentes sujeitos, proporcionará inegavelmente, um salto qualitativo no processo de constituição e valorização da identidade da população palmarina possibilitará uma política educacional inovadora atendendo aos princípios constitucionais de promoção da cidadania e uma pedagogia multicultural.

08 de Março - Dia da Visibilidade


Há algum tempo escrevi sobre o papel da mulher na formação da sociedade brasileira destacando a relevância da força feminina, e hoje reverencio nossa ancestralidade lembrando aquelas que resistiram ao modelo machista, patriarcal e hierarquizante de nosso país.


Sabemos que a sociedade brasileira, como tantas outras, alimentou uma cegueira social que nos impedia de conhecer e reconhecer a trajetória de nós mulheres nos episódios históricos, pois lamentavelmente, nosso país também foi forjado sob a opressão feminina, cuja cultura machista nos relegou durante muito tempo a invisibilidade.


Mas também sabemos que esse mesmo país foi construído e alimentado nos seios de nossas tataravós indígenas e negras, plantado pelas mãos das tias mestiças e forjado no calor guerreiro de minhas irmãs. Hoje já podemos lembrar-nos da coragem de Tarsila do Amaral, Chiquinha Gonzaga, Dandara, Acotirene, Dona Marinalva, Marina da Silva, Dilma Rousseff, são tantas famosas e anônimas, que com pequenos e grandes gestos revelam a grandiosidade feminina, pois felizmente, o sexismo do povo brasileiro já está se rendendo a força e coragem destas e tantas outras, que bravamente resistiram e resistem ao maniqueísmo, onde somos ao mesmo tempo, fortes e fracas, simples e complexas, duras e sensíveis, e assim alimentamos, construímos, conquistamos, vencemos.


Várias são as conquistas, muitos são os desafios, inúmeras são as perdas, mas qrandiosos são os valores que nos motivam a continuar, afinal, as estatísticas ainda revelam que a grande maioria sofre e é vítima da opressão, discriminação e exclusão social, apesar dos esforços na busca pela equidade social em um país que precisa superar a condição de Pátria e ser também Mátria.